Sapo-da-madeira: o anfíbio que congela no inverno e volta à vida na primavera
- thacianamariani

- 17 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de out.

O sapo-da-madeira (Rana sylvatica) é um sapo encontrado em regiões frias da América do Norte (como Alasca e Canadá), que realiza uma façanha surpreendente: durante os meses mais rigorosos do inverno, ele congela, inclusive seu coração para de bater e sua respiração cessa, mas consegue “descongelar” quando as temperaturas sobem, retomando as funções vitais sem danos permanentes.
Essa adaptação extrema o torna um caso fascinante de adaptação evolutiva ao frio.
Quem é o sapo-da-madeira
Nome científico: Rana sylvatica. Alguns usam também Lithobates sylvaticus.
Habitat: florestas boreais, florestas temperadas frias, zonas de tundra, regiões que têm invernos longos e muito frio.
Comportamento: ele passa o inverno parcialmente congelado, enterrado debaixo de folhas ou vegetação morta, protegido do frio extremo do solo, mas exposto às baixas temperaturas do ar.
A adaptação extraordinária: congelar para sobreviver
O que acontece no frio
Conforme as temperaturas caem, o sapo começa a congelar por fora para dentro. Ele acumula gelo nos espaços entre as células, nos vasos sanguíneos, no interior de sua pele. Até cerca de 65% da água corporal pode ficar congelada.
O coração para de bater, a respiração cessa, e o metabolismo diminui drasticamente até quase zero.
Mecanismos de proteção
Para sobreviver a esse estado “congelado”, o sapo-da-madeira conta com algumas adaptações bioquímicas importantes:
Produção de crioprotetores naturais, em especial glicose e ureia, que se acumulam no corpo dele quando começa a congelar. Essas substâncias funcionam como “anticongelantes internos”, reduzindo o dano que os cristais de gelo podem causar às células.
Esses crioprotetores ajudam a preservar integridade das membranas celulares e minimizam a ruptura causada pela expansão do gelo.
Voltando “à vida” na primavera
Quando o frio extremo passa, o sapo descongela: o gelo no seu corpo derrete, o metabolismo retorna, o coração volta a bater, ele retoma a respiração.
Ele pode “acordar” praticamente inteiro, sem muitos prejuízos, um processo natural fascinante de resistência e recuperação.
Importância biológica e implicações
Essa adaptação permite que Rana sylvatica ocupe habitats que muitos outros anfíbios não tolerariam, expandindo seu alcance geográfico.
Serve como modelo para estudos científicos sobre preservação de órgãos, terapias de hipotermia, criogenia, e tolerância ao congelamento em outros organismos. A capacidade de sobreviver a temperaturas abaixo de zero sem dano significativo às células inspira pesquisas biomédicas.
Limitações e desafios
O sapo só tolera o congelamento por certo período; se a exposição for extrema ou prolongada demais, os danos podem ser irreversíveis.
Ele depende de condições ambientais específicas: solo coberto, folhas mortas para isolamento, ciclos de frio e descongelamento relativamente previsíveis. Alterações climáticas podem causar variações que ameaçam esse equilíbrio.
Exemplos e descobertas recentes
Estudos indicam que populações em regiões mais ao norte (mais frias) toleram congelamentos mais profundos ou por mais tempo.
Pesquisadores observaram que a concentração de glicose pode aumentar muito rapidamente ao início do congelamento, como um “alarme biológico” que ativa os mecanismos de proteção.
O sapo-da-madeira é uma demonstração maravilhosa de como a vida pode evoluir para resistir aos extremos da natureza. Congelar quase totalmente e depois retomar as funções vitais não é ficção, é biologia.
Além de inspirar admiração, esse anfíbio nos oferece pistas importantes para a ciência: entender seus mecanismos pode ajudar a desenvolver novas tecnologias médicas, melhorar conservação de espécies e até pensar em aplicações de criopreservação.
Fontes: National Geographic



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