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Sapo-da-madeira: o anfíbio que congela no inverno e volta à vida na primavera

Atualizado: 8 de out.

Crédito: Christian Grenier
Crédito: Christian Grenier

O sapo-da-madeira (Rana sylvatica) é um sapo encontrado em regiões frias da América do Norte (como Alasca e Canadá), que realiza uma façanha surpreendente: durante os meses mais rigorosos do inverno, ele congela, inclusive seu coração para de bater e sua respiração cessa, mas consegue “descongelar” quando as temperaturas sobem, retomando as funções vitais sem danos permanentes.


Essa adaptação extrema o torna um caso fascinante de adaptação evolutiva ao frio.


Quem é o sapo-da-madeira


  • Nome científico: Rana sylvatica. Alguns usam também Lithobates sylvaticus.

  • Habitat: florestas boreais, florestas temperadas frias, zonas de tundra, regiões que têm invernos longos e muito frio.

  • Comportamento: ele passa o inverno parcialmente congelado, enterrado debaixo de folhas ou vegetação morta, protegido do frio extremo do solo, mas exposto às baixas temperaturas do ar.


A adaptação extraordinária: congelar para sobreviver


O que acontece no frio

  • Conforme as temperaturas caem, o sapo começa a congelar por fora para dentro. Ele acumula gelo nos espaços entre as células, nos vasos sanguíneos, no interior de sua pele. Até cerca de 65% da água corporal pode ficar congelada.

  • O coração para de bater, a respiração cessa, e o metabolismo diminui drasticamente até quase zero.


Mecanismos de proteção

Para sobreviver a esse estado “congelado”, o sapo-da-madeira conta com algumas adaptações bioquímicas importantes:


  • Produção de crioprotetores naturais, em especial glicose e ureia, que se acumulam no corpo dele quando começa a congelar. Essas substâncias funcionam como “anticongelantes internos”, reduzindo o dano que os cristais de gelo podem causar às células.

  • Esses crioprotetores ajudam a preservar integridade das membranas celulares e minimizam a ruptura causada pela expansão do gelo.


Voltando “à vida” na primavera

  • Quando o frio extremo passa, o sapo descongela: o gelo no seu corpo derrete, o metabolismo retorna, o coração volta a bater, ele retoma a respiração.

  • Ele pode “acordar” praticamente inteiro, sem muitos prejuízos, um processo natural fascinante de resistência e recuperação.


Importância biológica e implicações


  • Essa adaptação permite que Rana sylvatica ocupe habitats que muitos outros anfíbios não tolerariam, expandindo seu alcance geográfico.

  • Serve como modelo para estudos científicos sobre preservação de órgãos, terapias de hipotermia, criogenia, e tolerância ao congelamento em outros organismos. A capacidade de sobreviver a temperaturas abaixo de zero sem dano significativo às células inspira pesquisas biomédicas.


Limitações e desafios


  • O sapo só tolera o congelamento por certo período; se a exposição for extrema ou prolongada demais, os danos podem ser irreversíveis.

  • Ele depende de condições ambientais específicas: solo coberto, folhas mortas para isolamento, ciclos de frio e descongelamento relativamente previsíveis. Alterações climáticas podem causar variações que ameaçam esse equilíbrio.


Exemplos e descobertas recentes


  • Estudos indicam que populações em regiões mais ao norte (mais frias) toleram congelamentos mais profundos ou por mais tempo.

  • Pesquisadores observaram que a concentração de glicose pode aumentar muito rapidamente ao início do congelamento, como um “alarme biológico” que ativa os mecanismos de proteção.


O sapo-da-madeira é uma demonstração maravilhosa de como a vida pode evoluir para resistir aos extremos da natureza. Congelar quase totalmente e depois retomar as funções vitais não é ficção, é biologia.


Além de inspirar admiração, esse anfíbio nos oferece pistas importantes para a ciência: entender seus mecanismos pode ajudar a desenvolver novas tecnologias médicas, melhorar conservação de espécies e até pensar em aplicações de criopreservação.


Fontes: National Geographic 



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