“Quoll Luminoso”: quando um marsupial brilha sob o luar da Tasmânia
- thacianamariani

- 11 de ago.
- 2 min de leitura
Na escuridão da selva australiana, o fotógrafo Ben Alldridge capturou o primeiro registro de biofluorescência em um marsupial selvagem, o Dasyurus viverrinus , revelando uma nova faceta da vida noturna.

Em uma área remota do sudoeste da Tasmânia, o fotógrafo e ex-biólogo marinho australiano Ben Alldridge conseguiu algo extraordinário: fotografar um quoll oriental (Dasyurus viverrinus) em plena biofluorescência, o primeiro registro desse fenômeno no habitat natural do animal. A cena mágica emergiu apenas sob luz ultravioleta invisível, transformando a pelagem marrom e manchada do marsupial em tons vibrantes de azul, roxo e rosa.
O registro e sua relevância
Alldridge estava buscando refúgio nas florestas tasmanianas quando observou, ao redor de sua fogueira, cerca de seis quolls se aproximando curiosamente. Munido de equipamentos com luz UV, passou cerca de quatro horas fotografando os animais no escuro. Dos mais de 200 registros que capturou, muitos mostravam o brilho natural, não reflexo de luzes artificiais, da pelagem dos quolls iluminada por biofluorescência.
O quoll oriental, normalmente com pelagem castanha ou preta salpicada de manchas brancas, adquiriu uma aparência inimaginável sob essas condições: um brilho azul-neon pulsante, dando vida a um comportamento animal até então desconhecido em ambientes selvagens.
O que é biofluorescência e por que é misteriosa?
Biofluorescência é o fenômeno em que organismos absorvem luz de determinado comprimento de onda (como o ultravioleta) e reemitem em outro, visível, criando este efeito brilhante. Embora já observado em criaturas como ursos polares, tatus, zebras, insetos e peixes, esse é o primeiro caso documentado em mamíferos selvagens da Tasmânia e especificamente em quolls na natureza.
A função deste brilho ainda é envolta em teorias: poderia ser um método de comunicação entre indivíduos, uma forma de camuflagem sob luz ultravioleta, ou até um sinal visual durante o acasalamento. Mas a ciência ainda não confirma nenhuma dessas hipóteses.
Premiação e exposição
Este impressionante registro rendeu a Ben Alldridge o Prêmio de Fotografia Científica Beaker Street 2025 e seu clique tornou-se finalista entre as 12 melhores imagens do festival. Elas estarão em exibição no Tasmanian Museum and Art Gallery, de 6 a 31 de agosto, com o público podendo votar em sua favorita.
Sobre o quoll oriental (Dasyurus viverrinus)
O quoll oriental é um marsupial carnívoro de porte aproximado ao de um gato doméstico, cerca de 60 cm de comprimento e 1,3 kg no caso dos machos adultos. Endêmico da Tasmânia desde que foi extinto no continente australiano nos anos 1960, ele vive em habitats que variam de florestas temperadas a áreas de vegetação arbustiva. Atualmente, está listado como espécie ameaçada.
Por que isso importa
Além da beleza visual, a descoberta reforça a riqueza ainda oculta na fauna noturna e aponta para novos caminhos de estudo sobre adaptações evolutivas e ecologia visual dos marsupiais. Também chama atenção para os impactos da poluição luminosa, que pode alterar comportamentos naturais desses animais noturnos.



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