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Por Dentro do Figo: A Natureza Incrível e o Segredo que Ninguém Te Contou

Atualizado: 23 de jun.

Por trás da doçura e maciez desse fruto delicioso, existe uma história fascinante.

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Você sabia que o figo que comemos não é exatamente uma fruta comum, mas sim uma flor invertida recheada de segredos naturais, inclusive com possíveis vestígios de insetos em seu interior? Parece estranho, mas é um exemplo incrível de como a natureza é complexa, eficiente e surpreendente.


O que é um figo, afinal?

Ao contrário das frutas tradicionais, que se desenvolvem a partir de uma única flor, o figo é uma infrutescência, ou seja, um aglomerado de muitas flores que crescem dentro de uma estrutura fechada. Essa estrutura é chamada de sicono, e é o que chamamos popularmente de figo.


O interior do figo está repleto de pequenas flores que, ao serem polinizadas, formam os minúsculos “frutinhos” crocantes que sentimos ao morder um figo.


A incrível parceria entre figo e vespa-do-figo

Poucos sabem, mas a reprodução dos figos depende de uma relação de mutualismo altamente especializada com um inseto chamado vespa-do-figo (gênero Blastophaga). É uma parceria tão íntima que uma não sobrevive sem o outro.


Como funciona o ciclo:

  1. A vespa fêmea entra no figo (sicono) através de um pequeno orifício chamado ostiolo.

  2. Lá dentro, ela deposita seus ovos nas flores internas, se for um figo macho.

  3. Durante o processo, ela perde as asas e antenas e morre ali mesmo.

  4. Os ovos dão origem a vespas machos e fêmeas. Os machos fecundam suas irmãs, cavam túneis para elas saírem e morrem em seguida.

  5. As fêmeas saem do figo levando o pólen com elas, para reiniciar o ciclo em outro figo.


Curiosidade:

Se a vespa entrar em um figo fêmea (como os que comemos), ela não consegue depositar ovos, morre no interior e é decomposta por enzimas naturais, como a ficina.

Resultado: nada da vespa é visível ou identificável no fruto maduro.


Estamos comendo insetos?

Tecnicamente, sim, mas não da forma que parece. O corpo da vespa é completamente decomposto e digerido pela enzima ficina, presente naturalmente nos figos. Essa enzima transforma o corpo do inseto em aminoácidos e proteínas que são absorvidos pelo fruto.


Ou seja: quando você come um figo, está ingerindo nutrientes naturais que podem incluir os resíduos processados de um inseto, mas você jamais perceberia isso.


Além disso, muitos figos comerciais hoje em dia são cultivados sem necessidade de polinização por vespas, graças à técnica de partenocarpia, que permite que a planta frutifique sem fertilização.


E o figo brasileiro?

No Brasil, o figo mais cultivado é da espécie Ficus carica, originária do Oriente Médio, mas amplamente adaptada ao nosso clima. A variedade mais comum por aqui é o Figo Roxo de Valinhos, bastante apreciado por sua doçura, polpa macia e casca arroxeada.


Características do figo brasileiro:

  • Cultivado principalmente em São Paulo, especialmente na região de Valinhos e Jundiaí.

  • Não depende da vespa-do-figo para frutificar, graças à partenocarpia.

  • É seguro e limpo para o consumo, sem necessidade de presença de insetos.

  • Muito usado in natura, em doces, geleias, compotas e até como acompanhamento de pratos salgados.


Importante: A produção de figo no Brasil é voltada quase exclusivamente para o mercado interno e exportações em pequena escala. Valinhos, por exemplo, realiza a tradicional Festa do Figo desde os anos 1930, celebrando a cultura local e a importância do fruto para a economia regional.


O figo é um verdadeiro exemplo de como a natureza é criativa e eficiente. Essa flor invertida esconde uma complexa interação ecológica com pequenos insetos, e mesmo os frutos que comemos, muitas vezes cultivados sem a necessidade de polinização natural, carregam a história desse processo evolutivo.


Ao saborear um figo, especialmente o delicioso figo brasileiro, você está provando um pouco da biologia, da química e da tradição agrícola que moldaram esse fruto singular.


As informações desta matéria foram obtidas a partir de fontes científicas e populares como Britannica, Wikipedia, Bon Appétit.




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