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Pontes para a Vida Selvagem: Como Banff, no Canadá, Reduziu Acidentes e Salvou Espécies

Iniciativa pioneira de infraestrutura verde conecta habitats, protege motoristas e serve de modelo mundial de conservação.


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No coração das Montanhas Rochosas canadenses, o Parque Nacional de Banff abriga uma das mais impressionantes iniciativas de convivência entre humanos e natureza.


O Projeto de Passagens de Vida Selvagem de Banff. Desenvolvido ao longo da Rodovia Trans-Canadá, o projeto construiu viadutos vegetados e túneis subterrâneos que permitem que a fauna atravesse com segurança de um lado ao outro da estrada, preservando a biodiversidade e reduzindo drasticamente os acidentes com animais.


O Desafio: Estrada vs. Fauna


A Rodovia Trans-Canadá, uma das mais movimentadas do país, corta o Parque Nacional de Banff por 82 km. Essa divisão criou um obstáculo perigoso para espécies como alces, ursos, lobos, cervos e pumas, resultando em centenas de mortes de animais silvestres por ano e inúmeros acidentes graves para motoristas.


A Solução: Passagens de Vida Selvagem


Desde a década de 1990, o governo canadense, em parceria com pesquisadores e ambientalistas, começou a implementar estruturas que pudessem restabelecer a conectividade ecológica.


Atualmente, Banff conta com:


  • 6 overpasses (viadutos com vegetação natural),

  • 38 underpasses (túneis subterrâneos),

  • 82 km de cercas que direcionam os animais para os pontos seguros.


Uso pelas Espécies


Mais de 200 mil travessias já foram registradas desde o início do monitoramento.


Preferências por tipo de estrutura:


  • Overpasses (pontes vegetadas): preferidos por espécies como lobos, veados, alces e ursos-pardos, que buscam passagens amplas, com boa visibilidade e semelhantes ao seu habitat aberto.


  • Underpasses (túneis): mais utilizados por ursos-negros e pumas, que preferem locais mais escuros, estreitos e com cobertura densa.


Curva de aprendizagem:


Espécies mais cautelosas como ursos‐pardo e lobos levaram até 5 anos para adotar consistentemente as travessias após sua construção. Já cervos, alces e coiotes começaram a usá-las rapidamente, até enquanto ainda estavam sendo construídas


Foto: Perspectiva de um túnel com vegetação conectando dois lados da floresta
Foto: Perspectiva de um túnel com vegetação conectando dois lados da floresta

Impacto: Redução de Acidentes e Conservação


O sucesso do projeto é medido em números:


  • Redução de 80% a 96% nas colisões entre veículos e animais.

  • Proteção de espécies ameaçadas, como o lobo-cinzento e o urso-pardo.

  • Restabelecimento de rotas migratórias históricas, agora seguras.


Além disso, o uso crescente das estruturas ao longo dos anos comprova que os animais aprendem a usá-las, comportamento monitorado por câmeras e sensores.


Exemplo Global


O modelo de Banff inspirou projetos semelhantes em todo o mundo:


  • Estados Unidos (Montana, Colorado)

  • Holanda (com as maiores pontes vegetadas da Europa)

  • Austrália (passagens para cangurus e coalas)

  • Brasil (estudos em andamento na Mata Atlântica e Cerrado)


Ciência e Inovação


O projeto também se tornou um laboratório vivo para pesquisadores, com dados valiosos sobre comportamento animal, adaptação à infraestrutura humana e conservação de longo prazo. As câmeras de monitoramento registram não apenas a travessia, mas padrões sociais, horários preferidos e até interações entre espécies.


As Passagens de Vida Selvagem de Banff são um marco de como infraestrutura e natureza podem coexistir quando o planejamento prioriza a conservação. Salvando vidas humanas e animais, restaurando ecossistemas e inspirando o mundo, Banff provou que pontes verdes podem, de fato, ligar o presente a um futuro mais sustentável.


Fonte: Parks Canada e Wildlife Crossings



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