Pontes para a Vida Selvagem: Como Banff, no Canadá, Reduziu Acidentes e Salvou Espécies
- thacianamariani

- 18 de jul.
- 2 min de leitura
Iniciativa pioneira de infraestrutura verde conecta habitats, protege motoristas e serve de modelo mundial de conservação.

No coração das Montanhas Rochosas canadenses, o Parque Nacional de Banff abriga uma das mais impressionantes iniciativas de convivência entre humanos e natureza.
O Projeto de Passagens de Vida Selvagem de Banff. Desenvolvido ao longo da Rodovia Trans-Canadá, o projeto construiu viadutos vegetados e túneis subterrâneos que permitem que a fauna atravesse com segurança de um lado ao outro da estrada, preservando a biodiversidade e reduzindo drasticamente os acidentes com animais.
O Desafio: Estrada vs. Fauna
A Rodovia Trans-Canadá, uma das mais movimentadas do país, corta o Parque Nacional de Banff por 82 km. Essa divisão criou um obstáculo perigoso para espécies como alces, ursos, lobos, cervos e pumas, resultando em centenas de mortes de animais silvestres por ano e inúmeros acidentes graves para motoristas.
A Solução: Passagens de Vida Selvagem
Desde a década de 1990, o governo canadense, em parceria com pesquisadores e ambientalistas, começou a implementar estruturas que pudessem restabelecer a conectividade ecológica.
Atualmente, Banff conta com:
6 overpasses (viadutos com vegetação natural),
38 underpasses (túneis subterrâneos),
82 km de cercas que direcionam os animais para os pontos seguros.
Uso pelas Espécies
Mais de 200 mil travessias já foram registradas desde o início do monitoramento.
Preferências por tipo de estrutura:
Overpasses (pontes vegetadas): preferidos por espécies como lobos, veados, alces e ursos-pardos, que buscam passagens amplas, com boa visibilidade e semelhantes ao seu habitat aberto.
Underpasses (túneis): mais utilizados por ursos-negros e pumas, que preferem locais mais escuros, estreitos e com cobertura densa.
Curva de aprendizagem:
Espécies mais cautelosas como ursos‐pardo e lobos levaram até 5 anos para adotar consistentemente as travessias após sua construção. Já cervos, alces e coiotes começaram a usá-las rapidamente, até enquanto ainda estavam sendo construídas

Impacto: Redução de Acidentes e Conservação
O sucesso do projeto é medido em números:
Redução de 80% a 96% nas colisões entre veículos e animais.
Proteção de espécies ameaçadas, como o lobo-cinzento e o urso-pardo.
Restabelecimento de rotas migratórias históricas, agora seguras.
Além disso, o uso crescente das estruturas ao longo dos anos comprova que os animais aprendem a usá-las, comportamento monitorado por câmeras e sensores.
Exemplo Global
O modelo de Banff inspirou projetos semelhantes em todo o mundo:
Estados Unidos (Montana, Colorado)
Holanda (com as maiores pontes vegetadas da Europa)
Austrália (passagens para cangurus e coalas)
Brasil (estudos em andamento na Mata Atlântica e Cerrado)
Ciência e Inovação
O projeto também se tornou um laboratório vivo para pesquisadores, com dados valiosos sobre comportamento animal, adaptação à infraestrutura humana e conservação de longo prazo. As câmeras de monitoramento registram não apenas a travessia, mas padrões sociais, horários preferidos e até interações entre espécies.
As Passagens de Vida Selvagem de Banff são um marco de como infraestrutura e natureza podem coexistir quando o planejamento prioriza a conservação. Salvando vidas humanas e animais, restaurando ecossistemas e inspirando o mundo, Banff provou que pontes verdes podem, de fato, ligar o presente a um futuro mais sustentável.
Fonte: Parks Canada e Wildlife Crossings



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