top of page

“O perigo de puxar dentes de leite: riscos que muitos pais não conhecem

Entenda os riscos de forçar a remoção de dentes de leite e saiba quando é seguro “ajudar” na queda natural.


Imagem ilustrativa
Imagem ilustrativa

A troca dos dentes de leite pelos permanentes é um momento natural e esperado no desenvolvimento infantil, geralmente ocorrendo entre os 5 e 12 anos de idade. Durante esse processo, os dentes decíduos (ou de leite) vão perdendo suas raízes por reabsorção, ficando mais soltos até que caiam por conta própria.


Entretanto, há um costume comum entre pais e familiares de “arrancar” o dente assim que ele começa a balançar. Embora a intenção seja “ajudar” a criança, essa prática pode trazer consequências negativas para a saúde bucal, o desenvolvimento dos dentes permanentes e até para o alinhamento futuro da arcada dentária.


A seguir, conheça por que não é recomendado arrancar dentes de leite cedo demais, quais os riscos envolvidos e quando, de fato, pode haver indicação para intervenção profissional.


Por que não arrancar dentes de leite precipitadamente?


1. Interferência no posicionamento dos dentes permanentes

Os dentes de leite funcionam como “guias” para os permanentes, ocupam espaço e orientam o caminho de erupção dos novos dentes. Se um dente decíduo for removido antes da hora, os dentes vizinhos podem “invadir” esse espaço, deslocando-se e ocupando o local onde deveria nascer o dente permanente. Isso pode causar apinhamento, desalinhamentos ou erupção fora do lugar.


Além disso, casos de perda prematura de dentes decíduos são citados na literatura como fator de risco para dentes impactados, erupções ectópicas e outras complicações ortodônticas.


2. Possibilidade de dor, sangramento e trauma

Forçar a extração de um dente que ainda não está suficientemente solto pode causar dor intensa, sangramento excessivo ou lesão na gengiva ou osso ao redor.


Quando removido no momento certo, o sangramento costuma ser leve e contido com algodão. Mas ao puxar prematuramente, o trauma local pode ser maior.


3. Risco de infecção ou complicações na gengiva/esmalte

Qualquer manipulação inadequada pode introduzir bactérias ou causar lesões na gengiva, favorecendo infecções ou inflamações. Além disso, fragmentos de raiz podem ficar retidos.


4. Impacto no desenvolvimento oral e função mastigatória

Os dentes decíduos auxiliam na mastigação, na fala e no crescimento adequado dos ossos faciais. Se removidos prematuramente, essas funções podem ficar comprometidas.


5. Quando o dente permanente ainda não está pronto

O processo natural de reabsorção da raiz do dente de leite e a erupção do permanente acontecem em sincronismo biológico. Se o dente permanente ainda não estiver “pronto” para nascer, forçar a extração pode prejudicar sua formação ou até causar desvios de erupção.


Quando pode haver indicação para intervenção?


Apesar dos riscos, em alguns casos o “arranque” ou remoção de um dente de leite pode ser necessário, mas sempre deve ser feito por um profissional (odontopediatra ou dentista).


Exemplos de situações:


  • Infecção ou abscesso no dente decíduo que não puder ser controlado de outro modo.


  • Quando o dente permanente está erupcionando fora de alinhamento e impede que o decíduo caia sozinho.


  • Em casos de falhas no processo de reabsorção da raiz do decíduo, que tornam a queda espontânea inviável.


  • Quando o dente de leite permanece por muitos anos sem cair e atrasa a erupção do permanente.


Nessas situações, o dentista avalia por exames, como radiografias, a anatomia da raiz, posição do permanente e condições locais e decide pela extração, se necessária, com técnica adequada e menos traumática.


Orientações seguras para os pais


  • Não force: aguarde até que o dente esteja bem solto, movimente-o gentilmente com os dedos ou língua, se estiver pronto.


  • Higiene rigorosa: mantenha a escovação e o uso de fio dental mesmo com o dente solto, para evitar infecções.


  • Evite “truques” populares: não use linha amarrada em maçanetas ou demais métodos bruscos.


  • Sangramento leve: caso ocorra, coloque uma gaze limpa ou algodão por alguns minutos até estancar. Evite bochechos fortes ou cuspir intensamente.


  • Fique atento a sinais de alerta: dor intensa, sangramento contínuo, inchaço ou demora excessiva para que o permanente apareça, leve ao dentista nesses casos.


  • Consultas regulares ao dentista infantil: o odontopediatra acompanha a troca dentária, identifica problemas precocemente e orienta o momento ideal para intervenção.


Arrancar um dente de leite precipitadamente, mesmo com boas intenções, pode causar mais mal do que bem: desalinhamentos, dor, infecções e impactos no nascimento dos dentes permanentes estão entre os riscos. O ideal é permitir que o processo natural ocorra, “ajudando” somente quando o dente estiver realmente pronto para sair.


Quando houver dúvidas, dor, sinais de inflação ou atraso, procure um dentista infantil: ele saberá avaliar a situação de forma segura e indicar o melhor procedimento.




Comentários


bottom of page