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O Lado Oculto do Sono Animal

Atualizado: 23 de jun.

Quando dormir não significa desligar: os segredos do sono em movimento, parcial e até flutuante no mundo animal.

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Enquanto os humanos precisam de um travesseiro e um lugar seguro para repousar o corpo e a mente, muitos animais vivem uma realidade bem diferente. Para algumas espécies, dormir profundamente pode ser perigoso, ou até impossível. Isso levou à evolução de estratégias extraordinárias de sono parcial, alternado ou adaptativo.


A seguir, exploramos alguns dos exemplos mais fascinantes.


Dormir com meio cérebro: o truque dos golfinhos e outros cetáceos

Golfinhos e baleias vivem em um mundo líquido onde parar de nadar pode significar afundar e morrer. Além disso, eles precisam subir regularmente à superfície para respirar, o que exige consciência ativa.


A solução evolutiva? Sono uni-hemisférico alternado. Isso significa que apenas um hemisfério cerebral “dorme” de cada vez, enquanto o outro se mantém alerta o suficiente para nadar, respirar e perceber ameaças.


Curiosidade: Enquanto um lado do cérebro descansa, o olho oposto permanece fechado. Assim, se o olho esquerdo estiver fechado, o hemisfério direito está dormindo e vice-versa.


Peixes que flutuam em bolhas para descansar

Ao contrário dos mamíferos, os peixes não têm pálpebras nem ciclos de sono bem definidos. Mas muitos deles entram em estados de quiescência, uma espécie de descanso com metabolismo mais lento e pouca resposta ao ambiente.

Peixe papagaio dormindo em sua molha de muco foto: João Paulo Krajewski
Peixe papagaio dormindo em sua molha de muco foto: João Paulo Krajewski

Um exemplo fascinante: os peixes-papagaio, comuns em recifes, envolvem-se em uma espécie de “casulo de muco” durante a noite. Essa bolha gelatinosa os protege de parasitas e predadores enquanto eles “descansam”.


Curiosidade: A bolha de muco pode também mascarar o cheiro do peixe, confundindo predadores como enguias.


Pássaros que dormem voando

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Algumas espécies de aves migratórias, como o andorinhão-do-céu, podem permanecer em voo por meses seguidos. Como isso é possível?


Estudos com sensores cerebrais mostram que essas aves também utilizam o sono uni-hemisférico. Elas literalmente “desligam” partes do cérebro enquanto continuam batendo as asas e mantendo o equilíbrio.


Fato notável: O andorinhão pode passar mais de 10 meses em voo contínuo sem pousar, dormindo em pleno ar!


Répteis sonham? Descobertas recentes intrigantes

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que só aves e mamíferos tinham sono REM (fase em que ocorrem os sonhos). Mas pesquisas recentes com dragões-barbudos (um tipo de lagarto australiano) mostram que eles também alternam entre dois estágios de sono, incluindo um análogo ao REM.


Possibilidade científica: Isso levanta a hipótese de que o “sonhar” pode ser muito mais antigo na árvore evolutiva do que se imaginava.


Insetos dormem? E como?

Insetos também têm sono ou algo muito parecido. Por exemplo, as abelhas mostram sinais claros de descanso periódico: seus corpos relaxam, as antenas caem, e a sensibilidade a estímulos externos diminui.


Observação divertida: Abelhas privadas de sono cometem mais erros ao voltar à colmeia, “se perdem” no caminho ou não conseguem dançar corretamente para informar a localização do néctar.


Dormir... mas de olhos abertos?

Alguns animais, como os tubarões, cavalos e girafas, têm mecanismos que lhes permitem descansar parcialmente ou dormir em pé, com os olhos entreabertos. Isso garante que estejam prontos para reagir a predadores em segundos.


Conclusão:

O sono, longe de ser um luxo ou uma vulnerabilidade, é uma necessidade biológica presente em quase todo o reino animal. A forma como ele acontece, no entanto, desafia a nossa compreensão tradicional.


Dormir com metade do cérebro, flutuar em bolhas, ou até descansar sem fechar os olhos são apenas alguns dos mecanismos que a evolução encontrou para manter os animais vivos e descansados, em ambientes hostis.


A próxima vez que você deitar para dormir, lembre-se: em algum lugar do planeta, um golfinho está nadando com metade do cérebro desligado. E um peixe está envolto em muco, cochilando no recife.


Fonte das informações: artigos e estudos disponíveis em Wikipedia (Sleep in animals, Sleep in fish, Stay apparatus, Cetacea), National Geographic, Mega Curioso, além de reportagens da BBC, revisados e compilados para esta matéria.



 
 
 

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