“Good Boy”: o terror contado pelos olhos e pelo focinho de um cão
- thacianamariani

- 11 de ago.
- 3 min de leitura
Em estreia elogiada no circuito de festivais, o debut de Ben Leonberg transforma lealdade canina em arma contra forças sobrenaturais e o protagonista é o próprio cachorro do diretor.

Imagine um filme de casa assombrada em que quem percebe o perigo primeiro não é o humano, e sim o animal de estimação. Esse é o truque (e a força) de Good Boy, longa-métragem de estreia do diretor Ben Leonberg que acompanha Indy, o cão do próprio Leonberg, enquanto ele tenta proteger seu dono de presenças que só ele enxerga. O filme estreou em festivais, ganhou elogios por sua originalidade e já foi negociado para distribuição por plataformas especializadas em horror.
O que é Good Boy (sem spoilers)
Após uma perda na família, Todd (interpretado por Shane Jensen) muda-se com seu cachorro Indy para a antiga casa do avô. Logo, Indy começa a identificar sinais e aparições que parecem invisíveis aos humanos: pegadas que não existem, sinais de outro cão morto e uma presença cada vez mais hostil. Incapaz de explicar em palavras e limitado a comportamentos caninos, Indy precisa agir para salvar o homem que ama. A proposta é simples no logline, mas é na execução que mora a surpresa.
Direção e linguagem cinematográfica
Ben Leonberg e o co-roteirista Alex Cannon adotam uma estratégia radical: muitas cenas são filmadas ao nível dos olhos do cão, e o filme frequentemente privilegia pontos de vista, sons e reações que mimetizam a experiência sensorial canina. Leonberg opta por não “humanizar” Indy com voz ou trejeitos forçados, a performance é emocional, construída a partir de olhares, posturas e reações reais do animal em um set controlado. O resultado mistura suspense clássico de casa assombrada com uma sensibilidade intimista que transforma simples latidos em motivos narrativos.
O elenco (sim, o cachorro é a estrela)
Além de Indy, o elenco humano conta com Shane Jensen como Todd e o veterano Larry Fessenden em papel de apoio, entre outros. Críticos e espectadores destacaram a relação entre cão e dono como o eixo emocional do filme e elogiaram a escolha de manter Indy como protagonista sem recorrer a efeitos óbvios. A direção do animal, segundo entrevistas, exigiu paciência e campanhas de filmagem adaptadas à rotina do cão, o que acabou por dar ao filme um encanto genuíno.
Recepção em festivais e críticas
Good Boy teve sua exibição no South by Southwest (SXSW) em março de 2025, onde passou com sessões lotadas e gerou resenhas positivas destacando a originalidade do ponto de vista e a carga emocional do filme. Comentários de veículos e críticos especializados o citaram como um dos trabalhos mais inventivos do circuito de horror daquele ano.
Distribuição e quando você poderá ver
O filme atraiu atenção de distribuidores: a Shudder (plataforma voltada ao terror) adquiriu os direitos para territórios de língua inglesa, e há planos para lançamento em sala e em streaming no outono do hemisfério norte, data teatral anunciada para 3 de outubro de 2025 em materiais promocionais. A aquisição pela Shudder amplia bastante o alcance do filme fora do circuito de festivais.
Por que vale a pena (ou não) conferir
Por que assistir: se você gosta de horror que reinventa a perspectiva, especialmente filmes que combinam medo com afeto, Good Boy oferece uma experiência incomum e tocante. A originalidade de ver a ameaça através da sensorialidade de um cão transforma tropeços do gênero em momentos de tensão autêntica. Possíveis limitações: o foco quase exclusivo em Indy e a curta duração (aprox. 72 minutos) podem frustrar quem busca enredos humanos mais desenvolvidos ou explicações exaustivas sobre a mitologia do lugar assombrado.
Good Boy não é apenas mais um filme de casa assombrada: é um experimento afetivo que transforma o olhar do espectador ao colocá-lo na coleira do protagonista. Para fãs do horror que apreciam riscos estilísticos e uma boa dose de coração (e latidos), vale a pena ficar de olho e de ouvido.
Fonte: Rotten Tomatoes



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