Dragão azul reaparece no litoral espanhol e provoca interdição de praias
- thacianamariani

- 8 de out.
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No final de setembro de 2025, avistamentos da espécie conhecida como dragão azul (Glaucus atlanticus) foram registrados em diversas praias das costas espanholas, especialmente em Guardamar del Segura, na província de Alicante.

Imagem de dragão azul em alerta do governo da Espanha/ Crédito:Divulgação Policia Local Guardamar
Outros pontos que adotaram medidas preventivas foram praias de Valência, Lanzarote, Santa Bárbara (na cidade de La Línea de la Concepción, Andaluzia) e até partes de Maiorca.
Em Guardamar, por exemplo, a prefeitura hasteou a bandeira vermelha para proibir o banho no trecho afetado após o aparecimento de dois exemplares na praia de Vivers. No dia seguinte, o alerta foi reduzido para bandeira amarela, com vigilância intensificada.
O que é o dragão azul (Glaucus atlanticus)
Trata-se de uma lesma marinha pelágica (do grupo dos nudibrânquios) que flutua na superfície do mar “de cabeça para baixo”, mantendo bolha de ar no estômago para auxiliar na flutuação.
Mede tipicamente entre 3 a 4 cm de comprimento.
Alimenta-se de organismos marinhos urticantes, especialmente caravelas-portuguesas (Physalia physalis) e outros sifonóforos venenosas. Ao se alimentar, incorpora as células urticantes desses organismos em seus próprios tecidos, uma estratégia defensiva.
Quando tocado, pode liberar toxinas que causam efeitos desagradáveis à pele humana, como dor, ardência, irritação, vermelhidão e, em casos mais raros, reações alérgicas.
Contudo, especialistas apontam que o veneno do dragão azul costuma ser menos potente comparado ao da caravana portuguesa, e que registros de efeitos graves em humanos são raros.
Motivos possíveis para o reaparecimento
A presença desse tipo de lesma em águas costeiras europeias, especialmente no Mediterrâneo, é incomum. Sua aparição recente em praias espanholas tem sido atribuída a fatores como mudanças nas correntes marítimas, temperaturas mais elevadas da água (ligadas ao aquecimento global) e eventuais deslocamentos dispersivos.
Também pode haver influência de variações sazonais ou eventos climáticos que impulsionem organismos pelágicos para zonas costeiras.
Ações das autoridades e orientações para o público
Medidas tomadas
Interdição temporária do banho (bandeira vermelha) em trechos onde exemplares foram encontrados.
Monitoramento costeiro intensificado, com vigilância por parte das prefeituras, polícia local e guarda-vidas.
Chamado à população para não tocar nos exemplares, mesmo com luvas, e informar os avistamentos às autoridades competentes.
Recomendações em caso de picada / contato
Enxaguar com água salgada (não água doce).
Aplicar compressas frias para aliviar dor e irritação. (orientação derivada de protocolos para picadas de animais marinhos semelhantes)
Procurar atendimento médico se surgirem sintomas fortes como vômitos, reações alérgicas, dor intensa ou inchaços persistentes.
Debate científico e cautela
Há certo debate entre especialistas sobre o grau de risco real proporcionado pelo dragão azul. O biólogo Juan Lucas Cervera, da Universidade de Cádiz, argumenta que embora o veneno possa causar desconforto, é relativamente fraco frente ao de suas presas (como a caravela) e que algumas interdições de praias podem ser exageradas, mas justifica que se trate de medida preventiva.
Ainda assim, a reintrodução dessa espécie em regiões costeiras pouco habituadas reforça a necessidade de monitoramento contínuo, mapeamento dos avistamentos e conscientização pública.
Fonte: Gizmodo em português



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