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Dois DNAs, um corpo: o fascinante mundo do quimerismo

Imagine descobrir, por meio de um exame de DNA, que partes do seu corpo têm um conjunto genético diferente de outras. É como se dentro de um único corpo morassem dois “eus” , com diferentes instruções biológicas.


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Essa condição pouco conhecida e extraordinária existe e é chamada de quimerismo genético. Embora extremamente rara nos humanos, suas implicações atravessam a biologia, a medicina, a genética forense e até mesmo questões jurídicas.


O que é quimerismo?


O quimerismo (ou quimerismo genético) refere-se à presença de duas ou mais populações de células geneticamente distintas dentro de um mesmo organismo, provenientes de zigotos diferentes. Ou seja: não é uma mutação local, mas sim uma origem celular diversa.


Em contraste, o mosaicismo ocorre quando essas células geneticamente diferentes derivam de um mesmo zigoto, é uma variação interna do próprio embrião.


Onde pode ocorrer?


  • Animais e plantas também podem apresentar quimerismo.

  • Humanos: casos raros têm sido documentados, estima-se que existam cerca de 30 a 40 casos confirmados globalmente.


Tipos de quimerismo


Podem ser identificadas diferentes formas de quimerismo, dependendo da origem ou da proporção celular:


  1. Quimerismo natural (verdadeiro ou tetragamético) - Ocorre quando dois ou mais zigotos (óvulos fecundados) se fundem em estágios iniciais do desenvolvimento embrionário. Isso gera um único indivíduo com diferentes linagens celulares.


  2. Microquimerismo - Quando uma pequena fração de células geneticamente diferentes persiste no corpo. Com frequência, isso acontece pela troca de células entre mãe e feto durante a gestação, ou após transplantes.


  3. Quimerismo artificial - Surge por intervenção médica, como transplantes de medula óssea, órgãos ou células-tronco, ou até até transfusões (em casos especiais). Após o transplante, parte das células do doador pode conviver com as do paciente.


  4. Quimerismo gêmeo / gêmeo absorvido - Em gestações múltiplas, um embrião pode ser absorvido pelo irmão e suas células incorporadas ao outro, gerando uma mescla genética.


Como o quimerismo pode se manifestar (ou não)


Muitas vezes, uma pessoa com quimerismo não apresenta sinais visíveis, não há alteração física aparente nem sintoma específico.


Mas em alguns casos, podem surgir pistas como:


Gatos com pelagens únicas

Alguns gatos apresentam pelagens com cores distintas, como preto e laranja, devido ao quimerismo. Esses felinos são conhecidos como "gatos quiméricos" e possuem características genéticas de dois embriões diferentes.


Pessoas com olhos de cores diferentes

A heterocromia é uma condição onde uma pessoa possui olhos de cores diferentes. Isso pode ocorrer devido ao quimerismo, quando células de diferentes origens genéticas afetam a pigmentação dos olhos.


Plantas com fusões celulares

Nas plantas, o quimerismo pode resultar em folhas ou flores com cores e padrões distintos. Isso ocorre quando células de diferentes origens genéticas se combinam, criando características únicas nas plantas.


Resultados intrigantes em testes de DNA: por exemplo, testes de paternidade/maternidade que “não batem”. Isso pode ocorrer quando o DNA coletado (por exemplo, de sangue ou saliva) não corresponde às células que formaram os gametas.


Exemplos e casos curiosos


  • Casos reais: mulheres que, em testes de DNA para provar maternidade, obtiveram resultado negativo (apesar de terem gerado os filhos), motivando investigações genéticas mais profundas.


  • Em animais de laboratório, o quimerismo é usado como ferramenta de pesquisa genética, por exemplo, misturando células embrionárias para estudar o desenvolvimento.


O quimerismo é um fenômeno assombroso que desafia nossa noção de identidade genética. Embora raro, ele mostra que a biologia humana pode ser surpreendentemente complexa, um indivíduo pode abrigar dentro de si mais de um “código genético”.Suas implicações envolvem áreas científicas, médicas e jurídicas, e, apesar dos poucos casos documentados, ele já nos alerta para os limites dos testes genéticos “de rotina”.


Fonte: Wikipédia



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