Aliança invisível: bactérias levam vírus para destruir tumores
- thacianamariani

- 21 de ago.
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Pesquisadores desenvolvem técnica inovadora em que microrganismos atuam como “cavalos de Troia”, entregando vírus oncolíticos diretamente às células cancerígenas.

Pesquisadores da Universidade de Columbia desenvolveram uma terapia inovadora que utiliza bactérias geneticamente modificadas como "cavalos de Troia" para carregar vírus cancerígenos diretamente até tumores, driblando o sistema imunológico e liberando o agente terapêutico no local exato onde ele é necessário.
Como funciona?
Camuflagem imunológica: O sistema imunológico tende a eliminar vírus circulantes, o que prejudica terapias à base de vírus. As bactérias, por sua vez, envolvem os vírus, escondendo-os dos anticorpos e transportando-os até o tumor.
Alvo tumorígeno: A bactéria usada, geralmente Salmonella typhimurium é naturalmente atraída por ambientes tumoriais pobres em oxigênio e ricos em nutrientes. Ao chegar lá, ela invadiu as células cancerígenas e se autolisa, liberando o vírus no tumor.
Liberação controlada: O vírus depende de uma enzima produzida apenas pela bactéria para se replicar. Assim, caso escape do tumor, o vírus não consegue se espalhar em tecidos saudáveis, um importante mecanismo de segurança.
Integração de forças: Essa abordagem une o poder de localização tumoral das bactérias com a capacidade dos vírus de destruir células cancerígenas, criando uma terapia combinada com alto potencial de eficácia.
Contexto e desenvolvimento científico
Publicação e validação: O estudo foi publicado em 15 de agosto de 2025, na revista Nature Biomedical Engineering.
Reconhecimento na mídia científica: ScienceDaily destacou o avanço como “Trojan horse bacteria sneak cancer-killing viruses into tumors” . Já Discover Magazine reforçou a abordagem como o que “poderia ser a próxima grande revolução em tratamentos contra o câncer” .
Panorama histórico e outras abordagens
Outras combinações de microrganismos: Bactérias tumor-alvo, como Salmonella, Listeria e Clostridium, têm sido estudadas há décadas por sua afinidade natural por tumores e capacidade de combatê-los, seja diretamente ou estimulando a resposta imune .
Outros estudos relevantes:
Em 2022, pesquisadores usaram Listeria monocytogenes para transportar antígeno imunogênico (toxóide tetânico) a tumores pancreáticos, ativando células T-memória e promovendo morte tumoral, com acúmulo seletivo nos tumores.
Em 2013, Salmonella foi modificada para expressar anticorpos específicos contra células de linfoma e um enzima que ativa drogas, demonstrando a capacidade de reconhecer e destruir células cancerosas.
Revisões e desafios: Uma revisão de 2024 analisa o uso de bactérias e vírus como ferramentas terapêuticas, ressaltando seu potencial, mas também os obstáculos e efeitos adversos que ainda precisam ser resolvidos.
Essa técnica inovadora, que utiliza bactérias como "cavalos de Troia" para entregar vírus destruidores de tumores com segurança e precisão, representa um grande avanço na oncologia. Os mecanismos inteligentes de transporte e controle da replicação viral abre um caminho promissor para tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
Embora os resultados até agora sejam em modelos com camundongos, o progresso é significativo e já coloca esse modelo como um forte candidato para futuras terapias clínicas.
Fonte: ScienceDailyCNN Brasil



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